Instituto de Saúde e Psicologia Animal – 20 fev 2020
Um olhar atento do tutor é sempre um termômetro eficaz quando se trata da saúde de seu cão. A presença no dia a dia do animal e o conhecimento de seu comportamento e de seus hábitos fazem toda diferença na hora de identificar que algo não vai bem com o companheiro de quatro patas. Isso porque alguns sinais de doenças em cachorros podem ser facilmente identificados e não exigem um olhar clínico.
Entre eles, destacam-se a diarréia, a perda de apetite, a mudança na cor, volume e na frequência da urina, alterações de hábitos diários, mudanças na forma de se locomover e a prostração – fraqueza, abatimento ou moleza. Ao perceber um desses sintomas, um atendimento rápido, em muitos casos, é decisivo para garantir a saúde e o bem-estar do pet. Para ajudar os tutores a identificarem os sinais que são alerta para doenças e agirem com responsabilidade, preparamos este artigo.
As fezes dos cães dão pistas de doenças
Ao recolher as fezes do cachorro, o tutor pode aproveitar e observar as características para saber como está a saúde do animal. Se ele está saudável, o cocô é pequeno (proporcional ao tamanho do animal), firme, úmido e de coloração marrom. Já quando há fezes com mudanças de cor, consistência, aparecem com muco ou ficam ressecadas demais, exigindo que o cão se esforce na eliminação, elas podem indicar problemas alimentares ou de saúde.
Ao observar segmentos riscados, presença de estruturas em formato de arroz nas fezes, o alerta é para verminoses. Se a evacuação estiver acompanhada de outros sinais como – febre, vômito, letargia, perda de apetite e diarréia hemorrágica – acione imediatamente o Veterinário.
A urina também é um indicador de doença
Alguns aspectos da urina também fornecem sinais de que a saúde do cão pode estar comprometida. Um sinal de alerta é quando a urina tem odor forte e diferente do normal, alteração de cor (amarelo forte, avermelhada, esverdeada) ou quando há mudança na frequência e no volume de micção do animal. Outro alerta está relacionado ao comportamento. O tempo, o lugar de costume e a posição de micção alterados (muito tempo na mesma posição, gemidos ou dificuldades para urinar) também são sinais importantes e que pedem a consulta com um Médico Veterinário.
Então, a urina pode ser um sinal de doença quando:
• há odor forte e diferente do usual
• há alteração de cor
• há conteúdo arenoso ou aspecto mais turvo
• há mudança no tempo, local e na posição da micção
Importante destacar que os primeiros sinais de doenças renais são:
• aumento da ingestão de água (polidipsia)
• aumento da produção de urina (poliúria)
• coloração da urina clara; apetite caprichoso
• vômitos esporádicos e emagrecimento.
As doenças renais podem ser graves e comprometer todo o funcionamento do organismo. Por isso, diante desses sintomas, o tutor deve procurar por orientação profissional o mais rápido possível.
Falta de apetite e excesso de água
É estranho quando um cachorro nega comida. O fato do animal pular uma refeição ou duas, especialmente em dias quentes, pode ser normal. No entanto, se o cão começa a torcer o nariz para a comida por mais de dois dias, o tutor deve acionar o botão de alerta e procurar por um Médico Veterinário. A falta de apetite prolongada é um indicador de que o animal não está se sentindo bem.
Em relação à ingestão de água, se um cão começa a tomar muita, pode ser um sinal de diabetes ou problemas renais. Nesse caso, o tutor pode não notar o consumo em excesso, mas pode perceber o aumento na quantidade de urina, como citado.
Vômito ocasional ou frequente?
No mundo canino, o vômito é menos dramático do que no humano. Os cães podem vomitar apenas para se livrarem de algo que não é bom para eles. Então, quando há episódio de vômito brando e ocasional, normalmente, o tutor não precisa se preocupar.
Mas, caso o vômito se apresente de forma frequente, várias vezes seguidas, se for acompanhado de febre, se for forçado e tiver sangue, é necessário procurar pelo Médico Veterinário. Outros indícios de complicações são dor e o animal parecer deprimido.
Então, no caso do vômito observar:
• frequência
• febre
• sangue
• dor
• desânimo
Sinais na pele e no pelo
Uma das formas mais visíveis de se perceber a saúde do cão é por meio da pele e do pelo do animal. Um cachorro saudável tem uma pelagem espessa e brilhante. Já um cão com algum problema apresenta uma pelagem opaca ou com partes ásperas, secas ou peladas. Nestes casos, a questão pode ser o tipo de comida que está recebendo, uma alergia a pulgas ou outra dermatite.
Então, ao observar a pele e o pelo, note se:
• está opaco
• há partes ásperas
• há partes secas
• falhas
• feridas
Prostração não combina com cão
A importância de se estar próximo e conhecer o animal está em notar também aspectos mais sutis de enfermidade, como a prostração ou letargia. Quando aquele cão cheio de energia, disposição, que está sempre animado para passear e brincar, se mostra desinteressado por essas atividades, é um sinal de alerta para o tutor.
Em algumas situações, esse desânimo pode estar associado a um dia mais quente, por exemplo, ou simplesmente, por se sentir mal-humorado. Mas, quando há uma insistência no quadro por mais de dois dias, o cachorro pode estar desenvolvendo alguma doença. Por isso, a recomendação quando há essa mudança de comportamento por um tempo mais longo, é procurar pelo Médico Veterinário.
Para ficar sempre atento:
• cão cansado ou preguiçoso;
• com dificuldade em urinar ou está urinando mais que o normal;
• está bebendo mais água que o normal;
• não quer comer e perde mais de duas refeições;
• come muito, mas está perdendo peso;
• está babando demais – pode estar com problema de dentes ou gengivas, ou pode ter engolido algo venenoso;
• gengivas estão vermelhas ou inchadas;
• olhos estão embaçados ou vermelhos, está coçando os olhos ou tem muita secreção no olho;
• está ofegante ou com respiração curta;
• demonstra medo ou choraminga quando é tocado;
• tem algum tipo de inchaço no corpo;
• vomita, tem ânsia, espirra ou tosse repetidamente;
• pelo duro ou opaco;
• tosse ou vomita com sangue;
• tem febre.
Para garantir o bem-estar e a saúde do animal, estar atento e vigilante é essencial e faz parte de um cuidado responsável.
Dra. Ceres Berger Faraco
www.psicologiaanimal.com.br
Graduada em medicina veterinária, é mestre e doutora em Psicologia, especialista em Toxicologia e professora do Instituto de Saúde e Psicologia Animal (INSPA). Em clínica, trata de distúrbios comportamentais de cães e gatos, proporcionando melhor qualidade de vida. Ceres é ainda presidente da Associação Latino-Americana de Zoo-Psiquiatria (AVLZ) e vice-presidente da Associação Médico Veterinária Brasileira de Bem-Estar Animal (AMVEBBEA). Além de palestrar no Brasil e no Exterior, atua no Instituto Psicologia Animal.
Dra. Viviane Guyoti
www.psicologiaanimal.com.br
Graduada em Biologia e em Medicina Veterinária, é mestre em Ciências Veterinárias. Sua experiência curricular conta com passagem por Cornell University, nos Estados Unidos, e residência médica em Patologia Clínica Veterinária na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atualmente, é docente no curso de Medicina Veterinária da Universidade Anhembi Morumbi, nas áreas de Medicina Complementar ao Diagnóstico e Práticas Veterinárias. Já foi docente e coordenadora geral do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter) e lecionou as disciplinas de Clínica de Pequenos Animais, Bem-estar Animal, Etologia, Semiologia e Primeiros Socorros em Pequenos Animais.