Instituto de Saúde e Psicologia Animal – 19 dez 2018
Tempestades, sol forte, viagens, pulgas e carrapatos. Os dias de calor e céu azul do verão são bem-vindos, mas trazem no combo alguma dose extra de preocupação por parte dos tutores em relação ao bem-estar e à saúde de seus pets.
Muitos cães e gatos ficam assustados com os raios e trovões que ocorrem nesta época do ano, outros podem tentar fugir durante a viagem para a praia, por exemplo, ou quando ficam na casa de outras pessoas durante as férias.
Há ainda a questão do clima propício para as infestações de parasitas e os cuidados necessários com os passeios e a hidratação nos dias mais quentes. Para ajudar tutores e seus animais a passarem tranquilos por esse período, preparamos este artigo. Acompanhe a leitura e aproveitem a estação da melhor forma.
Melhores horários e cuidados com a hidratação nos passeios
Sair para passear é uma atitude responsável de quem tem cão em casa. Os passeios são importantes para o desenvolvimento físico e para a socialização dos animais. Os dias de verão são mais convidativos para uma voltinha ao ar livre, mas são também motivos de atenção redobrada.
É preciso ficar mais atento em relação ao horário das saídas, pois, dependendo da hora, o asfalto e calçadas podem estar muito quentes, o que pode machucar as patinhas. Sendo assim, evite os horários de muita exposição ao sol e escolha períodos de temperaturas mais amenas, como início da manhã e final da tarde ou começo da noite. Uma dica para verificar se a temperatura está tolerável para as patas é colocar o dorso da mão no asfalto ou na calçada e sentir o grau de calor. Se estiver desconfortável, espere amenizar a temperatura para iniciar o passeio.
Mais do que nunca, lembre-se de sair com uma garrafa com água fresca para ele se hidratar. Nos dias de calor intenso, é sempre recomendado optar por passeios em locais bem arborizados e procurar por sombras frescas. Mesmo em casa, certifique-se de que seu companheiro que fica no quintal tenha um local com sombra para descansar e se proteger dos raios solares.
Atenção às tentativas de fugas
Com as mudanças de ambiente e rotina e a presença de pessoas estranhas durante as férias, é preciso ficar esperto com as tentativas de fugas de cães e gatos. Se vão viajar juntos, é importante transportá-los em segurança no carro e garantir que estejam confortáveis na caixa transportadora.
Ao chegar ao destino, a recomendação é verificar se há possíveis saídas que precisam ser bloqueadas para evitar que escapem. Nos espaços ao ar livre, como na praia, é recomendado manter os cães com a coleira e guia e com uma plaquinha de identificação.
Agora, se você vai viajar e não pode levar o pet junto, a recomendação é não deixá-lo nunca sozinho. Você pode escolher uma pessoa de confiança ou, caso seja necessário, optar por uma hospedagem de sua confiança que disponha de um ambiente agradável e seguro para ele.
Raios e trovões: o medo dos pets das tempestades
Logo que o céu escurece e anuncia um temporal, a primeira reação de muitos cães e gatos é se esconder ou começar a tremer. Nessas circunstâncias, trata-se de um comportamento natural dos animais que é motivado pelo instinto de preservação, pois as tempestades são muitas vezes relacionadas com ameaça e perigo.
Identificamos o medo nos pets por meio de sinais como tremores, salivação, aumento dos batimentos cardíacos e frequência respiratória, orelhas baixas, além das tentativas de fuga. Muitos cachorros e gatos podem até ficar agressivos ou mesmo entrar em desespero em situações assim. Mas, então, o que fazer?
- Passe uma sensação de segurança ao pet adotando uma postura tranquila e mantendo-se próximo a ele até que ele esteja mais tranquilo. Caso não possa permanecer com o animalzinho, deixe uma peça de roupa sua usada com ele.
- Deixe que o pet escolha onde quer se esconder, mas não esqueça de fornecer acesso a um local da casa onde ele costuma passar bastante tempo no dia a dia. Esses locais costumam deixá-los mais seguros.
- Proteja o local escolhido. Tire objetos que possam machucá-lo.
- Feche as janelas com cortinas para que os animais não vejam os relâmpagos.
- Deixe um som ambiente para distrair o pet do barulho da chuva.
- Fazer brincadeiras e dar petiscos toda vez que ouvirem barulhos de trovões. Essa pode ser uma boa estratégia para tornar a tempestade algo ‘divertido’.
- Há ainda a camisa calmante, da Thundershirt, que auxilia alguns cães a ficarem mais calmos. Trata-se de uma roupinha mesmo, que funciona como um abraço. Feita de uma combinação de tecido de algodão e uma fibra elástica, a camisa é leve, flexível e aplica uma pressão branda, delicada e constante em volta do corpo do animal. Esta suave pressão pode ter efeito tranquilizador.
Pulgas e carrapatos: visitas indesejadas no verão
Dias quentes e úmidos são um convite e tanto para carrapatos e pulgas se proliferarem. Nessa época do ano, o tempo para chegarem na fase adulta diminuiu de 120 dias para 14 a 21 dias. Para evitar infestações no verão, a proteção aos pets inclui o cuidado com a casa, já que no caso das pulgas, 5% estão no corpo do animal, enquanto 95% permanecem no ambiente na forma de ovos, larvas e pupas. Então:
- Ao voltar do passeio com o pet ou depois do contato com outros animais, examine e veja se não há sinal de nenhum desses incômodos bichinhos.
- Em sua casa, mantenha o ambiente sempre limpo e arejado.
- Fique atento aos locais mais comuns de alojamento das pragas, como rejunte dos pisos, carpetes e sofás.
- Use o aspirador de pó e não acumule resíduos orgânicos.
Dra. Ceres Berger Faraco
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Graduada em medicina veterinária, é mestre e doutora em Psicologia e especialista em Toxicologia. É coordenadora e professora do Curso de Especialização em Comportamento Animal da Unifeob (SP); e professora do Instituto de Psicologia Animal (INSPA). Em clínica, trata de distúrbios comportamentais de cães e gatos, proporcionando melhor qualidade de vida. Ceres é ainda presidente da Associação Latino-Americana de Zoo-Psiquiatria (AVLZ) e vice-presidente da Associação Médico Veterinária Brasileira de Bem-Estar Animal (AMVEBBEA). É figura atuante em palestras pelo Brasil e pelo mundo.
Dra. Viviane Guyoti
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Graduada em Biologia e em Medicina Veterinária, é mestre em Ciências Veterinárias. Sua experiência curricular conta com passagem por Cornell University, nos Estados Unidos, e residência médica em Patologia Clínica Veterinária na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É docente no curso de Medicina Veterinária da Universidade Anhembi Morumbi, nas áreas de Medicina Complementar ao Diagnóstico e Práticas Veterinárias. Já foi docente e coordenadora geral do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter) e lecionou as disciplinas de Clínica de Pequenos Animais, Bem-estar Animal, Etologia, Semiologia e Primeiros Socorros em Pequenos Animais.
Dra. Bruna Bons
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Graduada em Medicina Veterinária e especialista em Comportamento Animal, é Mestranda em Reprodução Animal (FMVZ-USP) e atua como docente na Faculdade Método de São Paulo (Famesp). Realiza atendimentos clínicos relacionados ao comportamento de cães e gatos de forma autônoma e na rede Petz.