A Erlichiose é uma doença causada por um parasita chamado Erlichia canis, transmitido pelo carrapato. Esta bactéria é um parasita intracelular obrigatório que invade os glóbulos brancos e é considerada uma zoonose, ou seja, há transmissão do animal para o homem, através da picada de um carrapato infectado.
Os sinais clínicos apresentados pelo animal variam de acordo com a fase da doença. Na fase aguda, é possível ocorrer febre (39,5 a 41,5°C), anorexia, redução de peso, fraqueza muscular, letargia, petéquias hemorrágica, secreção nasal purulenta, epistaxe (hemorragia nasal), relutância em realizar movimentos, tremores musculares, sinais pulmonares e insuficiência hepática e renal.
A fase subclínica, na maioria das vezes, é assintomática, mas complicações podem ser observadas em alguns casos, como: depressão, hemorragias, edema de membros, anorexia e mucosas pálidas.
Na fase crônica, a Erlichiose comporta-se como uma doença autoimune. Normalmente, o animal apresenta os mesmos sintomas da fase aguda, só que em menor grau, encontrando-se apático, caquético e mais susceptível a infecções secundárias. Nos exames laboratoriais, pode ser observado uma anemia aplástica, monocitose, linfocitose e leucopenia.
O diagnóstico é difícil de ser realizado na fase inicial da doença, pois pode haver resultado falso negativo e os sintomas são inespecíficos. Por isso, deve-se basear na história clínica, histórico de presença de carrapatos e a confirmação deve ser realizada através de exames laboratoriais, como o esfregaço sangüíneo e outros exames mais específicos.
O tratamento tem por objetivo prevenir a manutenção da doença pelos portadores sãos. Diversos antibióticos podem ser utilizados para o tratamento desta doença, mas a droga de eleição é a doxiciclina. Pode ser feito um tratamento suporte, utilizando-se a fluidoterapia (principalmente em quadros crônicos) e corticóides em animais que apresentam trombocitopenia. Em alguns casos se faz necessária a transfusão sanguínea.
A prevenção da infestação por carrapatos ainda é a melhor opção para evitar a doença.
A Erlichiose pode afetar os seres humanos apresentando sintomas como febre, calafrios, dor de cabeça e dores musculares, náuseas, perda de apetite, dor abdominal, tosse, diarréia e confusão mental. É importante esclarecer que as pessoas não pegam erlichiose de um cão, e sim através da picada de um carrapato infectado.
Babesiose, outra grave moléstia para cães
O que muitas pessoas não sabem é que, além da Erlichiose (febre do carrapato), existe outra doença também transmitida por esses ectoparasitas e chamada de Babesiose. Embora transmitidas pelo mesmo vetor (carrapato), as células atacadas são diferentes (a Erlichiose ataca as células brancas de defesa e a Babesiose ataca os glóbulos vermelhos) e o tratamento também é diferente.
A Babesiose acomete cães de todo o mundo, sendo o carrapato o transmissor da doença. Essa moléstia é causada pelo protozoário chamado Babesia Canis, que destrói os glóbulos vermelhos podendo levar o animal à morte.
Os principais sinais clínicos são:
– Aparecimento de febre no animal; – Anorexia;
– Urina bem escura, assemelhando com Coca-Cola;
– Mucosas pálidas e/ou ictéricas (amareladas);
– Anemia severa;
– Depressão;
– Isolamento dos demais animais;
– Não interagem mais com os tutores.
Ao contrário do que muitos pensam, a Babesiose pode ter um prognóstico bom, dependendo do nível e do estado que o animal apresenta no momento. Os médicos veterinários elegem uma terapia de medicamentos a serem administrados no animal, a fim de proporcionar uma melhora significativa.
Se o quadro for muito grave o profissional pode indicar a internação e transfusão sanguínea para tentar reverter o quadro. Não medique o animal em hipótese alguma sem opinião de médico veterinário, pois o quadro pode se agravar ainda mais com a administração de fármacos errados.
E ainda existe a possibilidade de o animal ser infectado com as duas doenças ao mesmo tempo; nesse caso o prognóstico é ruim.
A prevenção é a higienização do ambiente em que o animal vive, sendo tanto no canil quanto no interior da casa. Existem no mercado, atualmente, produtos próprios para o tratamento da área externa da casa, a fim de erradicar os parasitas circulantes no ambiente.
Os animais também precisam visitar rotineiramente seu médico veterinário, e esse profissional deve ser procurado imediatamente diante de qualquer anormalidade no comportamento do animal, para prevenir doenças ou o agravamento de moléstias já instaladas. Estudiosos afirmam que, em 99% dos casos, doenças diagnosticadas no início, têm um prognóstico bem mais favorável do que as moléstias descobertas tardiamente.
Médica Veterinária graduada pela Universidade Metodista de São Paulo. Pós-graduada em Clínica Médica de Pequenos Animais, pela mesma universidade; e em Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais, pelo Instituto Qualittas. Diretora Técnica da ONG Soul Animal, de Extrema-MG.